Criações de Carolina Cantinho, Hugo Marmelada e Brian Scalini
Estreado a 21 de junho de 2024, no Auditório Fernando Lopes-Graça, Almada
Acreditando na importância da experimentação e da liberdade artística, a direção da Companhia de Dança de Almada convidou os jovens coreógrafos portugueses Carolina Cantinho e Hugo Marmelada para, de acordo com a suas próprias pesquisas individuais, criarem peças originais, em residência artística com os bailarinos da companhia. Para completar este programa, convidámos também o coreógrafo italiano Brian Scalini para repor, com três bailarinos da companhia, a criação “Wuthering Days”, aproveitando a sua recente estadia em Portugal.
quanto tempo o tempo tem?
Carolina Cantinho pretende refletir sobre a efemeridade do tempo e a constante pressão que ele exerce sobre nós.
“quanto tempo o tempo tem?” reflete sobre o vínculo humano com o tempo, cada vez mais efémero e sufocante. O tempo que, no mundo hipermoderno, simultaneamente aproxima e distancia, provoca uma alteração do estado de presença em nós e na relação com os outros.
Andamos ocupados, cansados, obcecados em produzir e não falhar. Porquê?
É importante resgatar a busca de um sentido mais profundo e autêntico. Carolina Cantinho
Criação: Carolina Cantinho
Interpretação e cocriação: Bruno Duarte, Inês Barros, Lúcia Salgueiro, Mariana Romão, Raquel Tavares e Vítor Afonso
Música: Jacques, Superpoze, Porter Ricks, Bowery Electric, Murcof, Thom Yorke e Angus MacRae
Seleção de figurinos: Carolina Cantinho
Contido
As regras impostas pela sociedade, pelas quais interagimos uns com os outros, domesticam-nos. Criam tendências, hábitos, que muitas vezes perdemos a capacidade de questionar. Tornam-se um dado adquirido. Ficam tão intrínsecos na nossa maneira de pensar e de estar que ela nos cega e limita a exploração e conexão com a nossa natureza. Do que sentimos, dos nossos instintos também ligados aos nossos antepassados, sobressai o nosso lado animal e mais selvagem. Inspirado no livro “O Apelo Selvagem” de Jack London, esta peça tem como fonte de desenvolvimento a formatação que a organização da sociedade acaba por ter no indivíduo, e a exploração do que fica de fora, todas as sensações e ações consideradas fora da norma. Hugo Marmelada
Criação: Hugo Marmelada
Composição musical: Marco Santos
Interpretação: Inês Barros e Lúcia Salgueiro
Seleção de figurinos: Hugo Marmelada
Wuthering Days
Transferências de estados emocionais podem fazer parte do nosso quotidiano e, na maioria das vezes, provavelmente nem nos apercebemos. É comum as pessoas que sentem raiva transferirem esse estado emocional para as pessoas que lhes são mais próximas, iniciando uma cadeia de raiva que pode ser difícil de parar. Brian Scalini
Coreografia: Brian Scalini
Figurinos: Martina Drieschner, Brian Scalini
Música: “Mass” and “Blind Blackening”, by Roly Porter
Interpretação: Bruno Duarte, Mariana Romão e Vítor Afonso
Circulação
Centrum Teatru i Tańca Zawirowania, Varsóvia - Polónia, 23 de junho de 2024
Barnes Crossing, Colónia - Alemanha, 12 de maio de 2024
Direção de ensaios: Maria João Lopes
Desenho de luz: Paulo Santos - Stageplot
Carolina Cantinho é professora de dança contemporânea, intérprete e coreógrafa em colaboração com diferentes criadores e instituições há mais de 15 anos. É cofundadora da CAMADA - Centro Coreográfico, em Faro, onde assume a direção artística desde 2020. Desenvolve trabalho pedagógico e coreográfico com diversas faixas etárias, em instituições de dança nacionais e internacionais como Opus Ballet (IT), Escola Artística de Dança do Conservatório Nacional, ESD - Escola Superior de Dança, Quorum Academy, Companhia de Dança do Algarve, Centro de Dança do Porto e AMDA/projecto dansul, entre outras. Enquanto intérprete trabalha com diferentes entidades e criadores nacionais em projetos artísticos multidisciplinares. Tem prémios internacionais de coreografia, incluindo Most Innovative Choreography (DWC Bucareste, 2015), 1.º lugar no Netherlands Choreography Competition (Harlem, 2017) e Best Choreography and Innovation Award (VIBE Viena, 2019). Coreografou para o Projecto Quorum (Amadora, 2017), para o Opus Ballet (Florença, 2019) e para a AZul – Rede de Teatros do Algarve (2019). É mestre em Criação Coreográfica Contemporânea (ESD, IPL, 2012), desenvolvendo criações próprias, das quais destaca: “Outra Voz” (2012), “E se pudesses explicar melhor?” (2014), “Ponto Zero” (2015), “Offline” (2016), “Antifrágil” (2018), “Chama-se amor, amor” (2021) e “iD” (2022).
Hugo Marmelada nasceu em Lisboa, em 1987. Formou-se na Academia de Dança Contemporânea de Setúbal. Trabalhou como freelancer com vários coreógrafos como Guilherme Botelho, Ohad Naharin, Itamar Serussi, Jo Stromgren, Amanda Miller, entre outros. Ingressou em companhias de dança como It Dansa, onde finalizou a pós graduação, Companhia Nacional de Dança Contemporânea da Noruega, conhecida como Carte Blanche, e Batsheva Dance Company. Tem dado formação em dança em várias instituições, como a companhia Carte Blanche, Academy of Dance of Jerusalém, Oslo National Academy of the Arts, Proda - Professional Dance Trainning e It Dansa. Paralelamente tem vindo a coreografar, desde 2010, para o projecto “Kamuyot Creates” o dueto “I I”, apresentado no Riksteatern em Estocolmo, Suécia; “Stepping over stones” solo apresentado no 16th International Solo-Dance-Theatre Festival Stuttgart, Alemanha, que recebeu os prémios de 2.ª Melhor Performance e Prémio do Público, tendo sido convidado para uma digressão pela Alemanha e Brasil; “Connect” e “Still, you can’t smile with me” apresentados no evento Batsheva Dancers Create. Coreografou com Jens Trinidad, “Flux”, apresentado na Dansens Hus de Oslo e “As it is/ As it turns out”, apresentado na Baerum Kulturhus, Noruega.
Brian Scalini é um coreógrafo freelancer italiano que vive em Dresden, na Alemanha. Antes de se tornar coreógrafo, completou os seus estudos académicos com uma licenciatura em Design de Produto na Universidade de Bolonha, em Itália, para depois seguir uma direção diferente, na sua carreira de bailarino profissional. Em 2018, descobriu finalmente a sua paixão pela coreografia, encontrando nela uma nova forma de combinar a dança com os seus conhecimentos anteriores de design. Em 2022, a fim de obter uma atualização adicional, obteve um Mestrado em Coreografia na Palucca University of Dance Dresden, Alemanha. Durante estes últimos anos, teve a possibilidade de criar para instituições como o Theater Pforzheim, a Palucca University of Dance Dresden e a Tanzcompagnie Landesbühnen Sachsen, apresentando também as suas próprias criações em festivais e locais como Hellerau – European Centre for the Arts Dresden, Hong Kong International Dance Festival, Machol Shalem Dance House Israel, Istanbul Fringe Festival, Festival Choregraphique International de Bloise France, Bauhaus Fest – Bauhaus Museum Dessau, e muitos outros. Brian ganhou recentemente o primeiro prémio no 22º Certamen Internacional de Coreografia Burgos y Nueva York com a sua coreografia “Meet you in the navel”.